Ilton Palmeira: o índio que usa a educação como ferramenta de transformação de vida
Sem dúvidas, uma das principais ferramentas de transformação da vida das pessoas é a educação. A história do biomédico Ilton Palmeira Silva, 43 anos, é uma das maiores provas disso. Indígena da etnia Pankararu, território localizado entre os municípios sertanejos de Petrolândia, Tacaratu e Jatobá, o profissional viu na graduação como uma forma de mudar a trajetória dele.
Tudo teve início a partir da aprovação no curso de Biomedicina no Centro de Estudos Superiores de Maceió. Ávido por aprender mais, o desejo de adquirir outros conhecimentos o fez partir em busca de um curso de pós-graduação. Só que até chegar a este ponto, a jornada de Palmeira não foi somente flores. Apesar de todo o respeito pela ancestralidade da sua etnia e com respeito a toda luta que ela sempre travou, ele tinha a certeza que poderia ir em busca de algo que contribuísse para a melhoria de vida dos que viviam em torno dele, familiares de sangue ou não. "Eu sempre sonhei com isso. Em alguns momentos, tive dúvidas se realmente aquilo era um desejo ou era parte de uma loucura, pois muitos chamam de loucura, mas não foi. Foi coragem mesmo", afirma Ilton. Ele enfatiza que o preço pago para correr atrás dos seus objetivos foi caro, mas que valeu a pena todo sacrifício. "A gente tem que pagar por aquilo que a gente quer. E cada projeto de vida, quanto maior seja esse sonho, mais caro ele é. E isso eu paguei bem, quando saí da tribo, principalmente porque a gente sofre muito, sem conhecer essa realidade".
Ele conta que, quando assistia televisão, via cenas de profissionais utilizando microscópios e ele achava que aquelas pessoas enxergavam um mundo diferente e que poderiam trazer coisas boas. "Jamais menosprezando o saber popular, pois ele é a base de tudo, é o pontapé para você ir em busca de outras áreas". E os desafios, como por exemplo, a redução da atuação da FUNAI, são inúmeros. De acordo com Ilton, em outros tempos, o órgão fazia mais pelas tribos indígenas e que hoje não funciona com a mesma excelência. Sem contar o preconceito de como a sociedade ainda enxerga o índio. "Eu vivencio isso ainda hoje, depois de formado, imagina naquela época, sabe? E não é para ser assim, mas, ainda bem que existem aquelas pessoas que apoiam e tem a gente como irmão mesmo".
E foi com toda essa bagagem que o intrépido personagem desta história chegou ao Centro de Capacitação Educacional. "O CCE Cursos abriu os horizontes para muitas coisas, né? É uma forma da gente se capacitar, se aperfeiçoar e estar pronto para o mercado de trabalho, que cada vez mais tem se tornado bastante exigente", ressalta Ilton. A primeira especialização foi em Hematologia e a procura pelo CCE foi exatamente pela expertise e qualidade conferida à instituição no Norte e Nordeste, além do suporte que recebeu na unidade de ensino. "Eu tive sempre o incentivo do povo da minha tribo e isso é muito importante. E no CCE também encontrei uma nova família, pois o apoio de Alice Queiroz e do professor Carlos foi fundamental".
Recentemente, Ilton concluiu a sua segunda pós-graduação no CCE Cursos, dessa vez em Citologia Clínica. Ele continua morando próximo ao território de sua aldeia, na cidade de Paulo Afonso, na Bahia. E ele deixa um recado. " Para você chegar aos seus objetivos, tem que arregaçar as mangas e pagar o preço, sem medo".